Então, tudo começou com o embarque . Tudo normal, horários mantidos, assentos super cômodos e lá vamos nós.
Não deu pra perceber por quanto tempo viajamos, mas sei que foi bastante. Finalmente chegamos e da janela deu pra ver os anéis. Lindos, coloridos, esvoaçantes e pareciam enormes nuvens flutuantes.
Como estava descansado, resolvi sair logo para aproveitar a novidade. Afinal não é sempre que pisamos nos anéis de Saturno. Estava em R, o mais colorido e também o mais divertido. Muitas pessoas se aglomeravam, e todos estavam doidos para colocar os esquis e sair neve afora.
Vesti a roupa apropriada para temperaturas baixas, coloquei as botas pesadas, carreguei meus esquis e lá fui para o convencional meio de acesso às montanhas brancas de neve, céu azulíssimo e uma luz agradável. Finalmente calcei os esquis e fui para o lift. Na fila, um pequeno empurra empurra, mas logo embarquei.
Eis que quando sento na cadeirinha, um dos esquis escapa dos meus pés. O operador do lift fez um sinal para que eu não me preocupasse, que alguém iria me levar o esqui solitário em seguida. Chegando no topo da montanha, sai com dificuldade da cadeirinha, pois com um só esqui, eu me sentia perneta e meio saci. Enfim deu tudo certo. Veio um rapaz carregando um esqui para o qual eu fiz um sinal que o dito cujo era meu. Ele me entregou como se fosse um salgadinho, sem sequer olhar para mim. Tudo bem!
Com a maior calma do mundo, me estabilizei, coloquei os esqui solitário do lado do outro que também já estava solitário e o calcei. Acontece que os esquis não são seres vivos, mas eles estavam com a ponta da frente me encarando de uma maneira estranha da qual eu não estava acostumado. Resolvi não dar atenção a isso e lá fui eu deslizar.
Foi quando o tal solitário novamente escapou do pé. Falei todos os palavrões que conhecia e comecei a amaldiçoar os anéis de Saturno. Calcei novamente o esqui fujão mas o outro escapou do pé.
Aí já não entendi mais nada. Afinal o que estava acontecendo? A luz clareou um pouco mais e me dei conta que algo estava errado.
Sim, eu peguei um par de esquis que não era meu, e portanto obviamente não servia nas minhas botas. A luz clareou o meu pensamento e não a iluminação geral.
O problema era como sair da situação embaraçosa em que me coloquei. Consegui convencer o operador do tal lift de cima para que ele autorizasse eu descer carregando os esquis na mão. E assim foi. Desci no lugar onde comecei a odisseia da vergonha.
A cereja do bolo foi que ao descer do lift, já bem perto de casa, levei um tombo de tal magnitude que foi um esqui para um lado o outro para outro e eu estatelado no chão tendo os operadores do lift achando tudo ridículo, pois na saída e na chegada eu estava aprontando, fazendo o lift parar, as filas crescendo e o povo querendo esquiar.
Peguei os meus esquis que a esta altura estavam enciumados dos outros e fui de novo subir a montanha sob o olhar de reprovação dos operadores do lift .
Fiquei na dúvida se eu estava em Beaver Creek, em Saturno ou em um dos anéis. Ou mesmo se estava viajando na maionese!