sexta-feira, 15 de junho de 2012

Som Brasil

Som Brasil
Turquia, 71 milhões de habitantes, 3% do território no lado europeu, 90% da população é muçulmana mas 30% não tem religiosidade. Portanto uma certa liberdade política/religiosa. Véus e burcas em muitas mulheres e é sempre exigencia do homem!
Chegando a Istambul, fomos direto a praça principal da cidade alta.  Taksin Square. Nesta praça tem o monumento a república de 1923, quando encerrou-se o império Ottomano, mudada a grafia de árabe para ocidental e modernizado o Estado.
Nesta praça, as 18h de uma quinta feira, num telão gigantesco demos de cara com um video do Latino. Sim o cantor Latino, brasileiríssimo, cantando o sucesso da novela das 9 -Vem dançar comigo (oi, oi oi...).
A rua Istiklal que fica junto a praça, é para pedestres e parece um elevador de tanta gente. Como referencia é uma Barão de Itapetininga há 40 anos atrás. Cheia de lojas, restaurantes, turistas, cigarros e doceiras aos montes. Ainda não tínhamos visto nenhuma das quase 3 mil mesquitas. Mas tambem quando as vimos foi algo deslumbrante, independente da religiosidade.
Cappadocia.
A sensação é de aterrissar na lua ou em um outro planeta. Calor de 35 graus, árido e formações diferentes, estranhas. Os lunáticos eramos nós. Chegamos ao hotel ao som de Garota de Ipanema, e entre uma água e uma Coca diet brincamos com dois lindos cachorros. Excursão, cavernas, museus e uma guia moderninha. De noite um silêncio total ao som das rezas das mesquitas (5 vezes ao dia). No outro dia, as 5 da manhã fomos andar (voar?) de balão; 16 pessoas em cada cesto e pelo menos uns 50 balões no ar. Simplesmente fantástico. Ao retornar ao hotel o som era de Manhã de Carnaval.
Entre um suco de Romã e uma agua, mais formações rochosas, calor e um céu azul anil infinito.
Comentei com a guia turquinha que na minha primeira viagem a Europa em 1961, tinha uma menina do grupo que era filha de turcos e que fizemos amizade. Ela cantava e dançava no onibus da excursão uma musica que até hoje não saia da minha cabeça. Como isso ficou gravado a ferro e fogo na minha memória, cantarolei em turco a musica para ela, e para minha surpresa e total arrepio, ela cantou e gesticulou a musica do começo ao fim, trazendo uma lembrança profunda de um tempo que já passou ( 51 anos atrás). Abaixo o site da musica, que recomendo ouvir.
http://www.youtube.com/watch?v=XOMw3oO27kM
        Ainda na Cappadocia, em Ürgüp, sentados num bar para uma agua, a guia
        começou a cantarolar  junto com a musica que tocava no som do bar, e
        perguntou se conhecíamos aquele som. Percebi que apesar dela falar inglês
        meio ruinzinho, ela estava cantanado em perfeito português. Lá vamos nós
        de novo:era Michel Teló, com "Ai se eu te pego"!!!!!
No último dia de Istambul, ainda passeamos pela cidade, voltamos ao Spice Market comprar umas tamaras maravilhosas (de Israel) e comer um Kebab delicioso. Almoçamos debaixo da Galata Bridge num restaurante de peixes olhando o Bósforo, respirando um ar por vez do oriente (Anatolia=Asia Menor) por vez do ocidente e observando os golfinhos no meio de um enorme transito de barcos.
Voltamos a pé para o hotel e na praça Taksin, no telão, estava a Gaby Amarantos cantando Ex my love, da novelinha das 7.

Eta Brasil!!!!!


quarta-feira, 7 de março de 2012

Incendios

Friedrich Nietzsche (1844-1900)
Óh homem! Cuidado ...
Óh homem! Cuidado!
O que fala a noite profunda?
"Eu durmo, Eu durmo -,
Do sonho profundo acordei.
O mundo é profundo,
E mais profundo do que o dia pensado
Profunda é a sua aflição –o desejo,
 ainda mais profundo do que a dor pode ser.
Ai diz: Por isso!
Mas toda a alegria quer a eternidade -
Quer eternidade, profunda profunda "!
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Saí para um café, fui até a esquina. Não vi nada em nenhum lado, e de repente cruzei com um amigo que me deu carona para o bar da esquina.
Vazio, sem ninguém, esfumaçado sem cheiro de fumaça e com um foco de luz numa mesinha. Alguns copos, uns livros e nada mais.
Sentei e fiquei ouvindo a conversa. Era sobre filosofia e o comportamento do homem. Um poema estava na minha frente.  Peguei o papel recentemente escrito a mão e comecei a ler.
Um som vinha de longe e uma linda voz cantava o que eu acabava de ler. Era um trecho de uma sinfonia que estavam compondo, usando este poema.
A dor da Guerra, da perda, do deslocamento, de uma noite infinita, de um lugar estranho,do desespero e da eternidade estavam lá.
Falavam de costumes, de hábitos, de hipocrisia. Falavam de uma Guerra civil no oriente médio com luta de irmão contra irmão, de limpeza étnica, de assassinatos, de prisões.
O filme termina com um enredo bem complicado, triste e sem solução.
Um eternidade profunda e infinita.

Meus companheiros de mesa eram F. Nietzsche, Dennis Villeneuve, e Mahler.
A sinfonia era a Terceira de Mahler, o poema era Von alten und neuen Tafeln de F. Nietzsche, e o filme era Incendios ( Incendies) de Dennis Villeneuve.
Tudo imperdivel.

Friedrich Nietzsche (1844-1900)
O Mensch! Gib acht...
O Mensch! Gib acht!
Was spricht die tiefe Mitternacht?
"Ich schlief, ich schlief -,
Aus tiefem Traum bin ich erwacht: -
Die Welt ist tief,
Und tiefer als der Tag gedacht,
Tief ist ihr Weh -,
Lust - tiefer noch als Herzeleid:
Weh spricht: Vergeh!
Doch alle Lust will Ewigkeit -,
- will tiefe, tiefe Ewigkeit!"



http://www.youtube.com/watch?v=V_IKCes6HPE&feature=related





domingo, 29 de janeiro de 2012

Maionese ou Mayoclinic


                                     
Então, tudo começou com o embarque . Tudo normal, horários mantidos, assentos super cômodos e lá vamos nós.
Não deu pra perceber por quanto tempo viajamos, mas sei que foi bastante. Finalmente chegamos e da janela deu pra ver os anéis. Lindos, coloridos, esvoaçantes e pareciam enormes nuvens flutuantes.
Como estava descansado, resolvi sair logo para aproveitar a novidade. Afinal não é sempre que pisamos nos anéis de Saturno. Estava em R, o mais colorido e também o mais divertido. Muitas pessoas se aglomeravam, e todos estavam doidos para colocar os esquis e sair neve afora.
Vesti a roupa apropriada para temperaturas baixas, coloquei as botas pesadas, carreguei meus esquis e lá fui para o convencional meio de acesso às montanhas brancas de neve, céu azulíssimo e uma luz agradável. Finalmente calcei os esquis e fui para o lift. Na fila, um pequeno empurra empurra, mas logo embarquei.
Eis que quando sento na cadeirinha, um dos esquis escapa dos meus pés. O operador do lift fez um sinal para que eu não me preocupasse, que alguém iria me levar o esqui solitário em seguida. Chegando no topo da montanha, sai com dificuldade da cadeirinha, pois com um só esqui, eu me sentia perneta e meio saci. Enfim deu tudo certo. Veio um rapaz carregando um esqui para o qual eu fiz um sinal que o dito cujo era meu. Ele me entregou como se fosse um salgadinho, sem sequer olhar para mim. Tudo bem!
Com a maior calma do mundo, me estabilizei, coloquei os esqui solitário do lado do outro que também já estava solitário e o calcei. Acontece que os esquis não são seres vivos, mas eles estavam com a ponta da frente me encarando de uma maneira estranha da qual eu não estava acostumado. Resolvi não dar  atenção a isso e lá fui eu deslizar.
Foi quando o tal solitário novamente escapou do pé. Falei todos os palavrões que conhecia e comecei a amaldiçoar os anéis de Saturno. Calcei novamente o esqui fujão mas o outro escapou do pé.
Aí já não entendi mais nada. Afinal o que estava acontecendo? A luz clareou um pouco mais e me dei conta que algo estava errado.
Sim, eu peguei um par de esquis que não era meu, e portanto obviamente não servia nas minhas botas. A luz clareou  o meu pensamento e não a iluminação geral.
O problema era como sair da situação embaraçosa em que me coloquei. Consegui convencer o operador do tal lift de cima para que ele autorizasse eu descer carregando os esquis na mão. E assim foi. Desci no lugar onde comecei a odisseia da vergonha.
 A cereja do bolo foi que ao descer do lift, já bem perto de casa, levei um tombo de tal magnitude que foi um esqui para um lado o outro para outro e eu estatelado no chão tendo os operadores do lift achando tudo ridículo, pois na saída e na chegada eu estava aprontando, fazendo o lift parar, as filas crescendo e o povo querendo esquiar.
Peguei os meus esquis que a esta altura estavam enciumados dos outros e fui de novo subir a montanha sob o olhar de reprovação dos operadores do lift .
Fiquei na dúvida se eu estava em Beaver Creek, em Saturno ou em um dos anéis. Ou mesmo se estava viajando na maionese!