Pontualmente as 19:30h começou o concerto. Casa cheia, orquestra local e um pianista. Acredito que o publico era de familiares da orquestra pois era um povo meio caipira. Aquele que iria aplaudir entre dois movimentos. E não deu outra.
Ele entrou tímido, passinhos curtos, bem mais magro e com sorriso de aeromoça. Sentou-se ao piano e como sempre não ajustou o banco. Deu um sinal ao maestro e começou a tocar. O concerto para piano e orquestra numero 4 de , Beethoven, começa com um solo de piano e em seguida entra a orquestra. É um concerto lindo, e dá ao pianista uma excelente exposição. O maestro se encantou com o pianista. Também acho que por ser local, nunca talvez tivesse ele regido a orquestra (mais para banda do que propriamente um orquestra) com uma sumidade ao piano. No segundo movimento, na parte onde o pianista faz um solo grande, o maestro se virou e ficou admirando aquelas mãos pequenas, como se perguntando como ele consegue tocar deste jeito maravilhoso. Ao fim deste solo pianistico o maestro ainda extasiado com as mãos pequenas, não se deu conta que era a vez da orquestra entrar. Uma das mãozinhas do pianista teve que fazer um gesto agressivo para tirar o maestro do sonho e entrar com a orquestra.
O concerto para piano terminou muito aplaudido e com um pequeno "encore".
Nelson Freire, saiu timido, com poucos sorrisos e agradecimentos. Ganhou uma rosa e a minha satisfação de poder ouvir um pianista baixinho com mãos bem pequenas mas com um talento fora do normal.
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Frio, chuva e vento. Nada me tirou a vontade de assistir aos Contos De Hoffmann na ópera de Zurique. Começou com uma discussão amigável com a moça que controla os bilhetes que queria de toda a maneira que eu deixasse meu casaco no "garderobe" coisa que me recusei a fazer. Explicou que é o seguro que exige pois se eu for responsável por um acidente de alguém tropeçar no casaco quem paga o seguro sou eu uma vez que é obrigatório usar o tal "garderobe". Não entreguei o casaco.
Sentei numa frisa, na primeira cadeira onde tinha o palco todo a minha lateral e a orquestra abaixo de mim. O maestro era um velho "conhecido" meu, David Zinmam que é o chief conductor da Tonhalle. A opera era de 3 horas e meia, com excelentes vozes e um tenor de arrancar suspiros. O cenário era pobre para padrões zuriquenhos.
A umas tantas deixei de ver as cenas por inteiro, pois uma vizinha da frisa ao lado resolveu cutucar o brinco dela e acariciar os poucos cabelos loiros. Com isso ela se inclinou para frente e cortou a minha visão pela metade. Dei duas tossidinhas de leve para mostrar o meu desagrado e de pronto ela recuou. Mas por 10 minutos. Depois voltou a tirar o brinco, coloca-lo de volta e massagear, massagear, massagear, com corpo de vez em cima do parapeito. Não deu mais para ver o que acontecia no palco e ela nem estava aí para sequer perceber que poderia eventualmente estar cortando a visão. Sim, ela era loira, brincos de falsos brilhantes e uma idade que era uma mas que queria ser outra. Precisa dizer mais?
A obra é bonita, romantica e sem grandes tragédias, típicas de operas. O canto era em frances e os duetos lindos. Pena que não pude ver por inteira. Se pelo menos pagasse meia….
Adorei o texto! E teria adorado ver o Nelson Freire tocar. Como sempre. Sou fã dele já há muitos anos e como o maestro, sempre me intrigou o fato de ele ter mãos tão pequenas mas de alcance tào enorme.
ResponderExcluirV. viu o programa da Cultura Artística neste ano? Vai ser um espetáculo!
Quando v. voltarem vamos trocar fiqurinhas e não deixe de ver O Brado Retumbante. Bjs.