terça-feira, 10 de maio de 2011

Pichadores


Inicio este Blog com a intenção de trazer à superfície questões que incomodam a gente que não sabemos como agir.
O primeiro assunto em pauta é sobre a pichação.
Sabe-se que os pichadores agem em grupos. Vamos chama-los de gangues. É raro um pichador individual. Estas gangues disputam espaço com outras do mesmo bairro ou bairros vizinhos. O básico das disputas são vantagens que uns conseguem sobre os outros, ou seja: quem picha mais alto, mais colorido, mais proibido, mais arriscado e assim por diante. São pessoas que possuem um certo dinheiro pois a tinta não é de graça. Não precisa muito, pois em grupo dividem a conta. Alguma instrução eles tem, pois na maioria das vezes os desenhos fazem sentido e a escrita não é das piores.
O que é comum a eles é o que nós chamamos de desrespeito a propriedade alheia e a desconsideração com a cidade.
Nós achamos que eles emporcalham a cidade, deixam-na  com ar de abandono, suja e descuidada.
Mas é isso que eles querem. Eles são anarquistas e o caos é o objeto deles.
Como conviver com estes dois aspectos: o caos e a ordem.
O mesmo se dá em viver em condomínio. O vizinho gosta de pagode e o outro de jazz. Um coleta lixo ecológico e o outro atira na rua. Um fecha o terraço do prédio com vidro o outro deixa como comprou. Um tem cachorro chato que late, o outro tem um papagaio. E assim por diante. Tudo tem que ser resolvido na boa vontade, no meio termo e no acordo.
Assim deveria ser com os pichadores.
Quantos eles são? Quantas gangues? Imagino que não passem de 60.000 indivíduos. Todos na grande São Paulo. Todos caberiam num estádio de futebol. De pé no gramado ou sentados nas arquibancadas.
Esta população do estádio seria responsável pelo emporcalhamento de toda a cidade?
Dá para imaginar que 60.000 indivíduos conseguem fazer com que 16 milhões de habitantes convivam com esta sujeira? E os turistas?
Não ofereço sugestões de soluções. Só quero que todos pensem que menos de meio porcento da população se faz notar, anonimamente mas visualmente com poder.
É este poder que o anarquista quer. E é aí que se deve começar a entender como proceder daqui para frente.

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